Litíase urinária Pedras (cálculos) nas vias urinárias

Os cálculos do aparelho urinário são, a seguir às infecções urinárias, o problema mais frequente do aparelho urinário. A doença caracteriza-se pela formação e crescimento progressivo de cálculos (pedras) no aparelho urinário, que podem ser únicos ou múltiplos e afectar apenas um ou os dois rins. Inicialmente silenciosa, esta patologia torna-se problemática se não for tratada atempadamente, podendo provocar dores intensas (cólica renal), infecções urinárias recorrentes ou persistentes, aparecimento de sangue na urina e perda da função dos rins.


Qual o risco de vir a ter cálculos das vias urinárias?

O risco de uma pessoa desenvolver pedras nas vias urinárias ao longo da sua vida estima-se que seja de 10 a 15 %. Os homens são afectados duas a três vezes mais frequentemente que as mulheres.


Quais as principais causas e sintomas?

Apesar dos enormes avanços no diagnóstico e tratamento dos cálculos, a sua causa permanece algo obscura. Múltiplas teorias surgiram ao longo do tempo, no entanto, nenhuma explica satisfatoriamente a doença. É, seguramente, um problema multifactorial, resultando do desequilíbrio entre factores promotores e inibidores da deposição de cristais na urina.


Como se faz o diagnóstico?

A imagiologia é crucial para a confirmação da presença de pedras e para a sua localização e medição, bem como identificação de possíveis complicações. O melhor exame para o diagnóstico da LU é, actualmente, a TC (tomografia computorizada). No entanto, a radiografia simples do aparelho urinário, a ecografia renal e a ecografia vesical são também muito úteis. Sempre que possível, deve ser recolhido o cálculo urinário, para que possa ser analisado. As análises ao sangue e à urina de 24 horas são o segundo componente do diagnóstico, que permite a identificação de doenças que facilitem a formação de pedras.


Como se pode prevenir?

A prevenção é um dos componentes do tratamento desta patologia. É recomendado que se mantenha uma hidratação adequada, de modo a urinar cerca de 2L por dia. Recomenda-se também uma dieta equilibrada, rica em fibra e vegetais e com restrição de sal e proteína animal. Alterações do estilo de vida, como o aumento da actividade física, a perda do excesso de peso e a redução do stress, são também importantes.


Que impacto poderá ter na qualidade de vida?

Esta doença pode ser altamente recorrente, podendo condicionar uma diminuição significativa da qualidade de vida. As cólicas renais recorrentes, as infecções urinárias de repetição, muitas vezes complicadas, os múltiplos internamentos e a necessidade de múltiplas intervenções cirúrgicas condicionam a vida pessoal, profissional e psíquica. Por outro lado, pode haver perda progressiva de função dos rins, que pode culminar em insuficiência renal terminal, com o concomitante aumento da mortalidade.


Quais os tratamentos disponíveis?

O tratamento da litíase está dependente da localização, composição e dimensões das pedras, bem como da anatomia, doenças associadas, profissão, etc.


Tratamento não-invasivos:

- Medicação expulsiva de cálculos no ureter

- Medicação para diluir determinados cálculos

- Litotrícia extracorpórea por ondas de choque (LEOC)


Tratamentos minimamente invasivos:

- Ureterorrenoscopia com LASER

- Cirurgia intrarenal retrógada com LASER (RIRS)

- Cirurgia renal percutânea

- Cirurgia laparoscópica


E, em último caso, cirurgia aberta.


As cirurgias minimamente invasivas têm tido um desenvolvimento notável nos últimos anos, resolvendo, actualmente, a grande maioria dos casos. A ureterorrenoscopia e a cirurgia intra-renal retrógrada são o último grande avanço no tratamento dos cálculos das vias urinárias. Estas técnicas permitem a eliminação dos cálculos sem lesão do rim, sem hemorragia, praticamente sem dor pós-operatória e com taxas de complicações muito baixas. São cirurgias que podem ser realizadas em regime de ambulatório, sem internamento.


Existe acesso aos melhores e mais recentes tratamentos em Portugal?

Em Portugal é actualmente possível tratar a litíase segundo o estado da arte, com todas as técnicas e tecnologias disponíveis. Praticamente todos os cálculos, independentemente da sua dimensão, tipo e localização, podem ser tratados com procedimentos minimamente invasivos, estando as cirurgias invasivas reservadas para casos muito excepcionais.


Quais as probabilidades de cura?

Após o tratamento dos cálculos, cerca de metade dos doentes têm uma recorrência da litíase nos 10 anos seguintes. Destes, cerca de metade têm apenas uma recorrência, enquanto que 10% têm doença altamente recorrente.

A combinação de tratamentos cirúrgicos e médicos são mandatórios para o controlo da doença, bem como uma correcta vigilância, com exames de imagem seriados.

Notas

1 — Os artigos publicados nesta biblioteca pretendem ser um meio de informação suplementar ao paciente e não substituem, de forma alguma, a consulta de um médico especialista que analise o seu caso específico;

2 — Os artigos publicados foram produzidos por especialistas que se baseiam nas recomendações e Guidelines de prática clínica da Associação Europeia de Urologia (EAU), à data da última revisão;

3 — Esta biblioteca encontra-se em processo de formatação para certificação pela HONcode Foundation (http://www.healthonnet.org/HONcode/Conduct.html);