Torção do cordão espermático Torção do testículo

A torção do testículo é uma emergência médica que ocorre quando o testículo gira em torno do seu próprio eixo, torcendo o cordão espermático que é responsável pela irrigação e afluxo de sangue para o testículo. A redução do fluxo sanguíneo provoca isquémia testicular originando dor intensa de início súbito a nível escrotal.

O grau de torção pode variar entre 180 e 720 graus. Quanto maior for o
grau de torção, menor será o afluxo de sangue que supre o testículo e
mais rapidamente se desenvolvem lesões irreversíveis no seu tecido.

Normalmente, o testículo não consegue mover-se livremente dentro do saco escrotal, pois o tecido envolvente é consistente e fornece-lhe a adequada sustentação. Os doentes que sofrem torção do cordão espermático apresentam frequentemente tecido conjuntivo mais comprometido devido a malformação presente desde o nascimento. Nesses casos, o testículo não se encontra bem fixo e pode girar em torno do próprio eixo, o que geralmente só ocorre a partir da puberdade, associada ao aumento de tamanho e de peso dos testículos.

A sua ocorrência é mais frequente nas faixas etárias compreendidas entre os 12 e os 18 anos podendo, no entanto, ocorrer em qualquer idade, até mesmo antes do nascimento. O primeiro mês de vida de um bebé também é um período de risco acrescido, mesmo nos casos em que não se verifica a deformidade supracitada.


Qualquer doente com suspeita de torção testicular deve ser imediatamente avaliado por um urologista. Quanto maior for a duração do sofrimento testicular por isquémia, maior é a probabilidade de sequelas graves. Em cerca de 1/3 dos casos, os doentes não são tratados a tempo e acabam por perder o testículo.


A sintomatologia mais comum da torção do testículo é o surgimento de uma dor súbita e de grande intensidade associada a aumento de volume da bolsa escrotal. A dor pode ficar localizada, apenas do lado do testículo em sofrimento, ou irradiar para a região inguinal e região inferior do abdómen. A dor costuma ser constante, a menos que o testículo sofra torção e destorção espontâneas. Náuseas e vómitos também são frequentes. Febre ou dificuldade na micção podem ocorrer, mas não são comuns.

Ao exame objetivo, a bolsa escrotal encontra-se aumentada de volume, endurecida e ruborizada. O testículo afetado apresenta dor à palpação e fica ligeiramente elevado, provocado pelo encurtamento do cordão espermático torcido. 

Uma apresentação típica, particularmente em idades mais jovens, é o
doente que acorda a meio da noite com quadro súbito de dor escrotal. Outras situações que podem desencadear torção são atividade física ou trauma escrotal.


Na maioria dos casos, o diagnóstico pode ser feito através de critérios clínicos, baseando-se na história, nos sintomas e nos dados do exame objetivo. O recurso a Ecografia Escrotal com Doppler permite o esclarecimento do quadro, possibilitando a avaliação do fluxo sanguíneo para o testículo.


A torção testicular é uma emergência de tratamento cirúrgico.

Nalguns casos a torção não é completa e há situações em que o cordão espermático torce e destorce mais de uma vez ao longo do dia, mantendo a viabilidade do testículo por mais tempo.

Durante a avaliação inicial, o urologista pode tentar destorcer o testículo manualmente. Essa manobra não elimina a necessidade da cirurgia, mas aumenta a probabilidade de salvação do testículo durante o procedimento cirúrgico.

A cirurgia para corrigir a torção testicular é habitualmente realizada sob anestesia geral. Neste procedimento, é realizada uma pequena incisão na bolsa escrotal, procede-se à destorção do cordão espermático e fixam-se ambos os testículos no interior da bolsa para evitar recidivas (orquidopexia).

Se no momento da cirurgia o testículo já apresentar sinais evidentes de necrose, deverá realizar-se orquidectomia, que consiste na remoção cirúrgica do testículo, de forma a evitar complicações pela presença de tecido morto (infeção).

Quando a cirurgia não é realizada nas primeiras 12 horas, a taxa de orquidectomia atinge os 75%.

Notas

1 — Os artigos publicados nesta biblioteca pretendem ser um meio de informação suplementar ao paciente e não substituem, de forma alguma, a consulta de um médico especialista que analise o seu caso específico;

2 — Os artigos publicados foram produzidos por especialistas que se baseiam nas recomendações e Guidelines de prática clínica da Associação Europeia de Urologia (EAU), à data da última revisão;

3 — Esta biblioteca encontra-se em processo de formatação para certificação pela HONcode Foundation (http://www.healthonnet.org/HONcode/Conduct.html);